
- Karin Nisiide
- 9 de março de 2021
2020 foi o ano mais atípico de todos os tempos. Passamos por uma pandemia sem fim, onde todos viraram “especialistas” em todos os assuntos, e também onde o racismo e preconceito se tornaram mais escancarados. Dentro de um cenário de luto de entes queridos, ainda assim presenciamos sinais de ódio e falta de empatia com o próximo.
Com todo esse contexto, a pauta diversidade ganhou destaque no meio empresarial. Pesquisa realizada pela consultoria Mais Diversidade e publicada pela Você RH de dezembro aponta que o assunto deve ganhar ainda mais espaço na agenda corporativa: 97% das empresas ouvidas pretendem manter ou aumentar seus investimentos em inclusão no ano que se inicia – isso num cenário de cintos apertados e crise econômica.
Abraçar as diferenças faz parte da filosofia dos hostels. Diversidade e inclusão normalmente são valores adotados pelos hostels, onde se prega a troca de experiências entre pessoas do mundo todo.
Mas não adianta somente abraçar a causa na teoria. Devemos, como hosteleiros, adaptar nossos estabelecimentos para que eles estejam aptos a receber a todos.
Você já ouviu falar no tripé da sustentabilidade? Seus três pilares são: ambiental, econômico e social. Na gestão hoteleira, isso significa que o estabelecimento precisa ser ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente responsável. É por isso que a acessibilidade e inclusão na hotelaria são tão importantes.
Confira nossas dicas de como tornar o seu hostel mais inclusivo!
1- Acessibilidade Universal
A legislação brasileira prevê uma acessibilidade universal, ou seja, que os edifícios possuam uma estrutura favorável para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Cerca de 25% dos brasileiros possuem alguma deficiência.
Dormitórios e banheiros acessíveis, rampas e elevadores são algumas das determinações da legislação brasileira para tornar hotéis e pousadas no Brasil acessíveis.
No entanto, as barreiras enfrentadas por pessoas com mobilidade reduzida vão além dessas estruturas no momento de escolher uma hospedagem para férias ou trabalho. É comum que os balcões de recepção de hostels sejam o dobro da altura de um cadeirante.
Estas são algumas das perguntas que você precisa responder SIM se quiser garantir que seu estabelecimento é acessível:
- Seu hostel ou pousada possui rampas de acesso interna e externamente para cadeirantes e pessoas com muletas?
- Seu estabelecimento dispõe de corrimão para pessoas idosas e/ou aqueles que têm problemas visuais?
Além de rampas de acesso, cadeirantes precisam de alguns cuidados especiais que não são tão óbvios no momento da construção. Portaria, portas de quartos, banheiros, elevadores e qualquer local de circulação precisam ser largos o suficiente para que uma cadeira de rodas possa passar.
Alguns dos quartos também devem ser adaptados, a fim de tornar a presença do hóspede mais cômoda. Isso inclui adaptar o banheiro, inserindo ferros de apoio e corrimão para facilitar o uso do chuveiro e do vaso, por exemplo.
Aliás, vários desses recursos também podem facilitar a vida de pessoas obesas ou idosas. Invista nessas pessoas e elas investirão na divulgação da sua marca!
2- Acessibilidade para deficientes visuais
Você já teve a experiência de hospedar uma pessoa cega? “Geralmente eles se viram”, você pode pensar. Não, senhor(a). É muito importante facilitar a vida dessas pessoas. Afinal, como qualquer outro hóspede, elas querem comodidade!
A saída inicial e mais lógica para atender a esse tipo de cliente é dispor de informações em braile desde no folheto de atendimento inicial até em elevadores, portas de quartos, entrada de locais (como refeitório, piscina e outras atividades de lazer). Isso evita que a pessoa fique constrangida ao pedir ajuda a estranhos. Disponibilizar o máximo de informações em braile dará liberdade e autonomia aos cegos hospedados em seu estabelecimento.
É possível ainda instalar piso tátil, um tipo de revestimento aplicado no chão que ajuda os cegos a se localizarem e a se locomoverem com a ajuda da bengala.
3- Ter ao menos um funcionário com conhecimento em Língua Brasileira de Sinais (Libras)
É um grande equívoco pensar que os surdos fazem leitura labial. Trata-se de um mito. Alguns apenas conseguem porque fizeram sessões de fonoaudiologia ou tem facilidade. A maioria necessita de um intérprete de libras. Sem a comunicação efetiva, inúmeros desentendimentos e conflitos podem acontecer. Ruídos durante a conversa podem atrapalhar a comunicação.
Diferente de outros tipos de deficiência, onde exige-se obras arquitetônicas e projetos de engenharia, as adaptações para receber um hóspede surdo são simples, mas não devem ser ignoradas. O surdo apenas usa outra língua, ele necessita de um intérprete. Essa é a acessibilidade que necessita.
Um estabelecimento inclusivo pode contratar um colaborador que tenha conhecimento em Libras, possibilitando uma troca maior com os hóspedes que possuam essa restrição.
4- Conhecimento bilíngue
Investir na capacitação em língua estrangeira dos profissionais que atuam no setor hoteleiro é fundamental, pois desta forma, além de prestar um atendimento bilíngue e de qualidade, o turista se sentirá mais confortável durante a estadia.
Você tem boas razões para investir em atendimento bilíngue:
- Atendimento eficiente de pessoas de diferentes partes do mundo;
- Possibilidade de expansão dos serviços com vendas de tours para estrangeiros, aumentando o ticket médio do seu estabelecimento. Se seu colaborador não se comunica, o hóspede vai procurar comprar pacotes com quem ele possa se comunicar;
- Facilidade do processo de relacionamento e fidelização do cliente com seu estabelecimento;
- Equipes mais qualificadas resultam em melhorias nos serviços e processos de uma empresa;
- Inclusão de todos, o hóspede se sente mais incluído sabendo que poderá se comunicar bem em um idioma universal.
Lembre-se de que mais importante do que a mensagem que sua empresa passa são as ações que ela toma. Estando preparado e capacitando sua equipe para receber bem a todos, você se colocará na vanguarda dessa nova onda que tem se tornado cada vez mais comum em todos os setores.