
- Rogério Minhano
- 1 de dezembro de 2016
Você deve contar seu caixa: todas as notas e moedinhas.
Seu turno começou, você sentou na confortável cadeira da recepção, arrumou as canetas que estavam espalhadas no balcão. Deu um gole no café (só o recepcionista da tarde não bebe café, quem pega as manhãs ou madrugadas sempre bebe café). Contou o caixa. É aí quando você começa, mesmo, a trabalhar.
Que comecem os check-ins!
Esse cerimonial todo é legal, mas a verdade é que lidar com dinheiro e cuidar do seu fluxo de caixa é uma das partes mais chatas do trabalho. Grande parte da função do recepcionista é sorrir, ser legal, receber bem os hóspedes — contar a grana te lembra de que você definitivamente não tá ali só para fazer amigos, está trabalhando e tem responsabilidades. Qualquer problema envolvendo dinheiro é sempre grande e deixa todo mundo aflito, dar um troco errado pode acabar com seu dia.
Não é incomum portanto que, para funcionários mal treinados ou voluntários pouco interessados em trabalhar, as maquininhas de cartão de crédito ou débito sejam especialmente atraentes — sobra menos espaço para erro e você se exime da responsabilidade de lidar com dinheiro vivo. Para o hostel, esse não é o melhor negócio, afinal as operadoras ficam com uma fatia dessa movimentação. Trabalhar sem aceitar cartões ou ferramentas de pagamento digital é cada vez mais difícil, então vale instruir sua equipe a receber em dinheiro sempre que possível.
É uma tendência entre os viajantes optar pela segurança dos cartões ao invés de ter que se preocupar com câmbio e entender uma moeda que não é a sua. Por essa e outras o caixa dos hostels é comumente menosprezado, existe a ideia de que por ali só passam vendas pequenas como garrafas de água ou escovas de dentes, então não há porque se preocupar em manter um controle da movimentação do caixa.
Mito detonado! Entre 5% e 10% da receita dos hostels é dinheiro vivo que entra pelo caixa.
Registrar todas as entradas e saídas é importante, mantém seu hostel nos trilhos e é sempre um bom indicativo a respeito de como anda o desempenho do recepcionista. Quando os valores de abertura e fechamento de caixa batem sem discrepâncias, é um sinal de que o turno deu certo: o recepcionista esteve alerta, organizado e não deixou nada passar despercebido. Se sobrou ou faltou alguma coisa no fim do turno quer dizer que é hora de repensar seus procedimentos e conversar com a staff. Veja, o maior problema não é necessariamente a perda de determinada quantia, mas a confusão do operacional da sua equipe.
Fazer do controle de fluxo de caixa um procedimento padrão impõe um certo limite à informalidade característica (e que nós tanto gostamos) dos hostels e funciona como termômetro da sua operação.
Fechar o caixa garante a sensação de dever cumprido, deixa todo mundo tranquilo e dormindo bem.